
Edvaldo Sales*
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Os policiais civis da Bahia foram surpreendidos, na última quarta-feira (29), com uma determinação que os proíbem de realizar testes para a Covid-19 nas dependências das delegacias. Até então, os servidores vinham sendo testados nos locais de trabalho por iniciativa do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc) em parceria com o Planserv.
O comunicado não explica o motivo da suspensão do exame. “O Departamento de Polícia Civil do Interior, atendendo a deliberação superior, fica deliberado que não será permitido o uso da unidade como local para realização do exame da Covid-19”, diz.
Conforme informações do sindicato da categoria, na última segunda-feira (27), já tinham sido contaminados quase 400 policiais civis e registradas seis mortes.
A equipe de reportagem do Varela Notícias conversou com Fábio Daniel Lordello Vasconcelos, que é o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado da Bahia (ADPEB), sobre a proibição. De acordo com ele, o comunicado foi feito de forma oficioso, pelo WhatsApp, através da diretoria do Departamento de Polícia do Interior (Depin) e da Diretoria da Polícia Metropolitana (Depom) aos delegados, que tomaram como surpresa, assim como todos os servidores.

“Já estava sendo um trabalho muito bem realizado pelas entidades de classe, nós temos investido muito dentro das nossas forças econômicas para possibilitar melhor proteção a esses servidores, já que eles estão completamente abandonados pela gestão da Polícia Civil e pelo governo do estado. Essa é a grande realidade”, disse.
Ele destaca que esses exames estavam sendo realizados justamente para dar maior proteção aos associados e, principalmente, à sociedade que vai até a delegacia e que pode ser contaminada diante de um protocolo de segurança mal feito. “ É o que está acontecendo”.
Segundo Fábio, a proibição aconteceu porque eles estavam identificando o nível de infecção. “As unidades policiais estão funcionando no improviso, sem desinfecção, sem um material necessário de higienização como um todo, e também de proteção individual. Esses exames estavam sendo feitos para a proteção maior. Então veio a proibição, nós não temos a resposta oficial ainda, mas nós presumimos, e é o entendimento de todos os policiais civis, que estamos identificando o nível de infecção e isso estava desagradando a gestão”.
Além disso, ele destaca que estão primando pela transparência nesse momento de pandemia. “No momento em que esses servidores, por força constitucional, são obrigados a trabalhar, sabemos de nossas responsabilidades no que tange a investigação criminal e no atendimento à população”.
Ele continua: “Isso tudo causou muito perplexidade a todos os policiais civis da Bahia. Até porque o custo dessa operação para o estado e para a Polícia Civil era zero, porque tudo estava sendo feito, principalmente, pelo Sindicato dos Policiais Civis e Escrivães do Estado da Bahia. É um absurdo!”.
O VN falou falou também com o presidente do Sindpoc, Eustácio Lopes. Ele destacou os casos positivados em algumas delegacias de Salvador: Central de Flagrantes com 8; Delegacia de Repressão a Furto e Roubo de Veículos com 6; 9ª Delegacia da Boca do Rio com 15 e 12ª Delegacia de Itapuã com 15. Já na Delegacia Territorial de Camaçari, na região metropolitana, são 26.
Eustácio afirma também que o comunicado foi feito a mando do gestor da Polícia Civil, o delegado Bernardino Brito Filho. “Entendemos que isso foi um ato criminoso, um ato de evitar que os policiais civis positivados solicitem afastamento das suas atividades. Então o intuito da gestão foi evitar que as delegacias tenha uma redução de policiais”.
O VN procurou a assessoria de imprensa da Polícia Civil da Bahia, e a informação passada foi a de que não há proibição para realização de testagens em unidades da Instituição. A nota diz que a orientação para não realizar os procedimentos nas delegacias baseia-se em recomendações técnicas do Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (Planserv).